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Egito - Uma experiência única (parte I)

Quando apareceu a oportunidade dessa viagem na minha vida, foi um divisor de águas para muitas coisas pessoais. Imagine o quanto eu estava apreensiva viajar para um país remoto, dependendo de pessoas que eu conhecia apenas profissionalmente na dança. E se não desse certo? E se meu jeito fosse muito diferente do delas? Afinal já havia uma série de implicações em ir para um país patriarcal, machista, num grupo formado apenas por mulheres. Maaaassssss como tudo na minha vida, me joguei!!! E foi a experiência mais excepcional da minha vida. Um grupo maravilhoso, divertido e companheiro se formou. Mas vamos lá as minhas impressões sobre o Egito.

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Saí daqui do Brasil com uma série infindável de recomendações sobre vestimentas e como me portar no país. Exemplos: Nada de roupas acima do joelho, nem decotes e evitar os ombros a mostra, não andar sozinha, e evitar andar só mulheres... (Com tantos conselhos eu comecei até ficar receosa) Chegamos lá super reservadas (Todas estávamos com as mesmas recomendações na grande maioria). De os ombros cobertos e tentando ao máximo respeitar a cultura e a religião que rege o país. Logo no primeiro dia, na visita ao museu avistamos turistas de outros países, e foi um choque!!!! Algumas mulheres usavam micro shorts andando na cidade, como nós brasileiras não faríamos aqui em São Paulo, talvez, muito talvez na praia. Percebemos então que nem todos respeitam a cultura alheia, porque, por mais que depois disso não precisássemos andar todas cobertas como estávamos fazendo, resolvemos que permaneceríamos respeitando a cultura do povo que visitávamos.

O museu do Cairo é um lugar incrível, de uma riqueza cultural que até exausta qualquer mente sedenta por conhecimento. E nesse tour muito bem explicado por nosso guia vimos quanto uma civilização de mais de 6000 anos pode construir. Muitas peças datam de quase 4000 anos A.C. e o mais triste é que ainda incontáveis peças foram roubadas ao longo da historia, e estão espalhadas pelo mundo, mas muitas na Europa e EUA.

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Na minha opinião, o guia fez toda a diferença. Ele falava português, às vezes uma misturinha com espanhol, mas se fazia ser entendido muito bem. Passou-nos todas as diretrizes e direções, o que fazer, como falar, e principalmente quando não falar e nem tocar nas coisas. O Egito é um país de muitos contrastes, e na minha percepção, a população vive mais na linha da sobrevivência do que da comodidade. Vive basicamente do turismo, então me pareceu que toda sua população, e principalmente aqueles que vivem e trabalham perto de pontos turísticos precisam arrancar algum tipo de dinheiro do turista, os “tips”, gorjetas para qualquer coisa que eles fizerem por você – desde te desenrolar o papel higiênico na porta de banheiros públicos, até se ele tira uma foto pra vc! – Então aí a recomendação do guia numero 01, ir somente onde ele indica. Algumas mais, não beber a agua de qualquer lugar que não seja das garrafas de água industrializadas; não toque em nada que os vendedores te oferecerem (falo deles um pouco mais a frente); apenas o guia deve negociar com os vendedores se você quiser comprar algo; não aceite que as pessoas façam nada por você, eles vão pedir “tips” por tudo; E se você não paga a “gorjeta” por uma coisa que você nem pediu, ahhhhh eles ficam bem bravos!

Gente do céu, vocês não tem a mínima noção do que é o transito daquele lugar, totalmente caótico, onde lei de transito não existe, muito menos qualquer regra. As pessoas tiram sua “carta de habilitação” por apenas saber dirigir um carro, e para isso só precisa provar que sabe acelerar e dar ré. Então estacionar para eles é um suplicio, eles param seus veículos da maneira que o carro ficar, e quase sempre na diagonal com a calçada, filas duplas de carros estacionados, da maneira mais desorganizada que você possa imaginar. Rotatórias são um grande causador de transito, tudo e todos querendo passar ao mesmo tempo, de camelos a caminhões, e todas, mas todas as cidades tem um transito extremamente caótico, de horas e horas parado em filas intermináveis de carros. Depois disso nunca mais reclamo do nosso transito, porque lá sim é uma aventura dirigir.

Com a visão de uma pessoa que estudou arte desde os 15 anos de idade, imagina ver tudo aquilo alí, de perto. Basicamente divididos em templos e túmulos, os egípcios viviam e vivem com base na sua pós vida. Vamos lá, como assim? Desde os tempos antigos, eles tem uma ligação com a pós vida, que seu tumulo será sua casa eterna, e que passamos por essa vida para voltar em outro momento. Então a pessoa era mumificada para preservar seu corpo, seus pertences enterrados com ele, e sua historia pintada nas paredes daquelas estruturas maravilhosas. Isso tem uma relação muito grande em como a cidade se parece aos olhos dos turistas. A cidade é basicamente uma construção eterna, prédios e mais prédios inacabados. E porque isso? Pelo simples fato de que um chefe de família compra um terreno, e dái pra frente sua família vai crescendo conforme o prédio cresce, basicamente uma família por prédio, cada um que resolve formar uma nova família, sobe um andar do prédio. E estes estão sempre em “reforma” se assim podemos dizer. E o cemitério é o lugar mais bem acabado das cidades. Ué, se as casas tem o aspecto de reforma, pois quase todos estão em tijolos aparentes e rebocos, sem acabamento, porque os túmulos tão lindos e pintados, gigantescas estruturas que parecem muito mais com nossas casas do que túmulos? Simples, a morada a “eterna”. Eles ainda têm enraizado sua cultura milenar de crenças.

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CONTINUA...

Por Érika Aysel

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